terça-feira, 19 de outubro de 2010

Parte 3

Quando enfim chegou ao portão de casa avistou alguns jovens conversando e olhando para ela, seu coração começou a bater mais forte, tinha medo dessas situações. Já estava escurecendo. Suas mãos tremiam enquanto tirava as chaves do bolso da calça, demorou o que lhe pareceu uma eternidade para finalmente abrir o portão de casa. Entrou e rapidamente fechou a porta atrás de si.  Respirava profundamente tentando se acalmar. Quando retomou o fôlego pensou o quanto estúpida estava sendo, Matias havia lhe falado que não precisava mais temer que Jesus era seu protetor agora. O que aconteceu é que não havia ainda superado um trauma do passado, algo que mudou a vida de toda sua família, estava longe de amigos e parentes por isso, e inconscientemente se sentia ameaçada.
Procurou se acalmar e orar como seu amigo havia lhe ensinado. Voltou ao que estava planejando que era chamar sua irmã para sair. Ao entrar em casa percebeu que estava tudo silencioso. Certamente todos haviam saído. Mas ouviu um som e percebeu que Sofia ainda escutava música. Foi então que ouviu um grito pavoroso atrás de si. Seu coração parecia que pela segunda vez ia sair pela boca, mas dessa vez ele rodopiaria e passaria através da janela caindo no canteiro do jardim tamanho era seu susto. Com um reflexo votou-se rapidamente para trás como alguém que tenta se defender. Viu então uma horrível máscara de monstro balançando de um lado para o outro. Se preparava para um novo grito quando percebeu a cabeleira castanho claro saindo pelas bordas. Sua irmã, Sofia havia lhe pregado um susto. Seu rosto assumiu um tom vermelho berrante proporcional ao sangue que subia suas veias, estava com muita raiva.

Continua...

Parte 2

Deu a volta e começou a andar em direção a rua que ficava sua casa. Devia ter andado uns oito quilômetros, estava cansada. Passada a raiva inicial percebeu que até aquele momento não tinha observado as fachadas das casas pelas quais passava, então começou a notar que eram diferentes. Não podia dizer muito bem em que eram diferentes, mas algo lhe chamava a atenção e ela não podia explicar o que era. Depois que conheceu Matias e ouviu as coisas que ele lhe dizia, e também fez aquele compromisso com o Salvador, como Matias havia lhe apresentado, nunca mais foi a mesma. Mas ele tinha ficado lá, na sua antiga cidade, muito distante de onde estavam agora. Tinha tantas perguntas para fazer, mas ele estava tão longe. Afinal, tinha tomado uma decisão que mudaria para sempre sua vida, quaria continuar aprendendo, e era o que faria agora naquela cidade com nome tão engraçado, pra não dizer redundante, Vitória da Conquista. Era um nome bom, bem positivo. Algo preenchia seu coração quando pensava nessa cidade, era algo muito bom mesmo.
Mas então percebeu que faltava pouco para chegar em casa, já podia avistá-la. Não queria ver a cara emburrada de sua mãe, odiava aquele clima. Então pensou em o que faria, iria chamar Sofia para ir procurar uma sorveteria, aí poderiam também procurar uma igreja. Queria muito um lugar para continuar tendo comunhão com Deus, sabia que uma Igreja seria o melhor lugar, e também Matias havia a aconselhado a procurar uma igreja rapidamente, assim que chegasse à cidade. Pela manhã tinha discutido a idéia com o pai, mas ele não deu muita importância. Decidiu que pegaria o carro e sairia pelas ruas da cidade procurando e visitaria a todas que encontrasse, aquela que mais tocasse seu coração era ali que ficaria.
 Continua...